Qual o endereço do insight?

Não existe fórmula definida para o insight. Woody Allen tem insights tomando banho, David Ogilvy tinha ideias vendo as pessoas abastecerem os carros, Joe Gebbia deu abrigo a um estranho e prototipou o Airbnb.

Há, quanto a isso, pelo menos duas correntes: a) os que não acreditam que insight seja algo que se possa procurar de fato: para eles, o insight vem de repente, ou mesmo nunca. Certa vez perguntaram a Joan Miró se não eram fáceis demais de pintar os traços que ele colocava na tela. Ele respondeu: ou é terrivelmente fácil, ou é impossível. b) os que acreditam que insight pode ser obtido por meio de um processo sistemático, com métodos de Brainstorming, técnicas laterais de De Bono ou grupos de discussão dirigida.

Ambas as correntes concordam que é difícil delimitar exatamente quando as ideias ocorrem. James Webb Young, em A Technique for Producing Ideas, afirma que, em certo estágio, devemos simplesmente deixar o assunto como está, e a ideia surgirá quando você menos estiver esperando. Muito se falou, nos anos 1990, na teoria do Ócio Criativo: a possibilidade de maximizar criatividade unindo os pensamentos que apresentamos em situações distintas como estudo, trabalho e lazer. Situações cada vez menos separáveis, de forma que, se sabemos encontrar tempo que toca verdadeiramente nossa identidade, a tendência é que boas ideias fluam com mais facilidade em momentos distintos.

Em uma tarde de 1966, Tom Jobim está tomando um chope no Veloso, no Rio de Janeiro (que depois passaria a se chamar Garota de Ipanema), quando o garçom se aproxima e lhe chama porque Frank Sinatra está ao telefone. Sinatra o convida para ir gravar um disco com ele. Tom vai a Los Angeles e, entrando ‘in a Sinatra world’, a gravação vai sendo adiada dia após dia, até que acontece somente duas semanas depois. Na espera, ele compõe Wave no piano do hotel.

Precisamos, é claro, separar a genialidade da média: nem todos somos Tom Jobim, Frank Sinatra ou mesmo Steve Jobs. Ainda assim, como é possível termos um mundo com tão poucos gênios e, paradoxalmente, tantos insights? Já pararam para pensar que a genialidade também pode estar na resiliência, na persistência e no aprendizado?