Quer inovar? Corra mais riscos

Sabe aquela sensação que você teve quando tirou as rodinhas da bicicleta, subiu pela primeira vez em um skate, ou conseguiu conversar num idioma estrangeiro? Se não lembra, não é porque está lhe faltando memória: pode estar faltando a lembrança daquilo que a gente simplesmente sente por desbravar o desconhecido, com o corpo ou com a mente, e que pode ser alimento de um hábito: o exercício da conexão com o risco (que você pode não estar fazendo).

Nos enganamos, muitas vezes, ao confundir inovação com rupturas profundas: pensamos no Facebook, na Virgin Galactic ou em Steve Jobs, e nos esquecemos que inovação não é apenas mudar o mundo, e sim em trazer algo novo para determinada situação ou problema: a melhoria pelo incremento orgânico, o insight da criação não-destrutiva — fico pensando em como pequenas mudanças poderiam ter mantido alguns casamentos em pé.

Para sermos exponenciais, precisamos construir primeiro a base. Existem novas maneiras de resolver problemas antigos, mas também maneiras antigas de resolver problemas novos, e conviver com o risco — se permitindo cair de vez em quando — nos presenteia, no mínimo, com a habilidade da resiliência. De não desistir na primeira tentativa: Einstein costumava dizer que alcançava soluções mais inovadoras não porque era mais inteligente, e sim porque passava mais tempo em cima dos mesmos problemas.

Se temos medo de aprender, temos medo de viver. Se não nos arriscamos a experimentar comidas diferentes, contratar fornecedores diferentes, ou simplesmente pedirmos desculpas, incorreremos no erro clássico de pensarmos que poderemos alcançar novos resultados continuando a fazer, continuamente, a mesma coisa. Acho que deveríamos pensar um pouco nisso antes de começarmos a listar nossas resoluções para 2018.

Nossas empresas não serão mais inovadoras se nós mesmos não começarmos a questionar as ortodoxias, fomentar os outliers e parar de pedir aprovação para tudo. Nossos empreendimentos só darão certo quando forem resoluções realmente de dentro, e isso é apenas o começo. Nossas vontades poderiam ser como sementes, e nossa filosofia não deveria ser a de buscar reduzir os riscos, e sim aumentar nossas chances de sucesso.