Existe um paradoxo, muitas vezes mal compreendido, entre inovação e velocidade. Trata-se, aparentemente, de veículos que precisam rodar juntos: inovação requer velocidade, velocidade acelera a inovação, mas estamos diante daquelas situações onde o respiro da prática desmente a teoria do ditado.
Daymond John, um menino negro e pobre nascido no Brooklyn, em Nova York, nunca mais viu o pai depois dos 12 anos de idade. Disléxico e com poucas oportunidades na “economia formal”, foi convidado por amigos para vender drogas. Calculou, contra a previsão na qual estamos acostumados a acreditar, que em médio prazo seria mais lucrativo ter um emprego no McDonald’s. Longe da cadeia, dos perigos e dos pagamentos de comissões, conseguiria juntar dinheiro com mais segurança e até rapidez. Foi o que fez, e foi de onde criou a Fubu, marca icônica do segmento hip hop.
A inovação requer um momento inicial que pode inclusive ser lento, onde contam a procrastinação e o erro. O “errar cedo, errar rápido”, defendido por ecossistemas de inovação como o do Vale do Silício e o de Israel, nos previne de fracassarmos a um custo maior do que o negócio pode suportar. Procrastinar, por outro lado, nos ensina a não deixarmos nossa ansiedade nos levar a decisões impulsivas; muito menos nossas ideias chegarem ao mercado mal passadas demais.
Não existem portanto atalhos, e quando a mãe de Daymond John, funcionária da Amex, hipotecou a casa onde moravam por cem mil dólares para a compra de estoque e ele voltou de uma feira com um milhão de dólares em pedidos, mas sem dinheiro para produzir a demanda, e sem que qualquer banco quisesse financiá-lo, foi ela quem teve a ideia, sabendo que agora sim era hora de acelerar: um anúncio em jornal com os dizeres “um milhão de dólares em pedidos precisam de financiamento urgente”. O anúncio, uma bobagem segundo o filho, atraiu a Samsung, com sua divisão têxtil, para tornar-se sócia.
Se escutarmos os sinais corretos, saberemos, ou mesmo sentiremos, quando é mesmo hora de acelerarmos nossas ideias. Mesmo que os sinais sejam simplesmente confiar nas decisões da mãe.